Que Voam

Eu não sou novo por aqui, faz mais de duas décadas que cheguei. Semana passada reparei em uma garota de outro setor que vezenquando passava pelo corredor onde tenho meus afazeres. Ela passava assim...voando, no sentindo de estar sempre nas alturas, num lugar diferente do normal, lá em cima. Parecia fluturar com aquele sapatinho tamanho trinta e seis vermelho, como uma modelo de passarela. Não sei se os outros a viam assim, sei o que meu olhos enchergam e eles se depararam com infinita beleza. Passei três dias apenas a observando, sabendo que não era nem um pouco notado. Até que no quarto dia ela me notou, esbarrou sem querer em meu braço e pediu perdão, sorridente, de uma maneira que só ela sorri. Tive certeza que era ela. Mal dormi a noite seguinte pensando em como seria o amanhã, torcendo para que ela esbarrasse de novo e pedisse perdão de novo e sorrisse de novo. Viveria aquele momento cinquenta, trezentas, quinhentas vezes se possível! Estava muito empolgado, esperançoso, até que... Bom, aconteceu o que não devia. Saí lá pra fora para cuidar dos meus afazeres e pude ver lá na esquina, que ela estava aos beijos com outro rapaz. Naquele momento minha vontade era ser ele, pena eu não poder ser ele. Fiquei realmente triste aquela noite.  No dia anterior, fiz de tudo para não encontrar ela naquele corredor e consegui. Nos outros tantos dias que vieram também foram assim. Eu escapando dela a todo momento. Hoje ela voltou a passar por mim, me deu boa tarde, eu a respondi, mas senti que algo terrivelmente mudou entre nós. E, talvez, o motivo seja a nova garota que entrou esses dias. Essa outra garota, passa assim...voando...

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