2011

E lá se vem mais um ano. Agora está faltando pouco para o mundo acabar, é melhor fazermos logo o que viemos fazer nesse mundo. Eu vivo pensando em tudo que deixei de lado nesse ano de dois mil e dez, não só nesses, mas como em todos os outros. Eu sempre deixo muita coisa de lado, muitas pessoas. Eu sempre me arrependo também. Porém, também sempre tem um motivo e eu tinha um belo motivo. Enfim, creio que tudo o que foi feito era pra ser feito, senão eu não estaria aqui agora escrevendo. Acredito ter amadurecido bastante durante os últimos meses desse ano, eu consegui encontrar seriedade dentro de mim, coisa que nunca tinha encontrado. E sério mesmo, vou confessar, é muito ruim ter seriedade! Mas é preciso. Principalmente agora que terei que tomar as rédeas da minha vida e eu mesmo botar o boi pra andar. Estou com medo. Eu não sei como farei isso, nem sei o que vou encontrar lá fora e isso me assusta um pouco. Só espero ter sorte e de alguma forma, competência para escolher o meu melhor. Falando no ''meu melhor'', esse ano encontrei novos amigos! Quer dizer, nem são tão novos assim, mas é que eu simplesmente nunca tinha reparado neles antes de conhecê-los no teatro. Eu sou meio assim, vivo no meu mundo e não incomodo o mundo dos outros. Ainda bem que dessa vez foi diferente e eu fui lá incomodar todo mundo e virei amigo de todo mundo e vou ser feliz com todo mundo durante muito tempo na minha vida. Assim espero e assim farei acontecer. Eu diria que o grupo de teatro da ETEC foi meu melhor presente esse ano, pois não sei o que seria de mim sem eles, como eu me sentiria durante o resto do ano. O grupo apareceu num momento em minha vida em que eu estava indo de cabeça pro fundo do poço e sabe, só tenho a agradecer a todos eles, todos mesmo, por tudo ou simplesmente por existirem. Espero que isso seja verdadeiro e dure bastante tempo. Que seja doce, também. Me reecontrei com uma amizade que tinha perdido, me deparei com novas amizades que nunca tinha ganho, perdi um amo e ganhei novos amores, sofri com o meu Corinthians perdendo tudo por incompetência e sorri demais ao reecontrar meus amigos de Natal, minha família, as praias, o sol e a paz que reside naquele lugar. Eu morro de saudades e não há manhã em que eu acorde e não queira ir a praia. Meu Deus, como era bom e eu não sabia. Eu só espero que todos que estão na minha vida, sejam eternamente felizes. Todos mesmo, até os que não merecem porra nenhuma vindo de mim. Muita paz e muito amor! Muito amor pra vocês, certo? Pra mim não, estou desiludido esse final de ano e espero que entendam. Enfim! Feliz 2011.

1P.S.: Lembra daqueles fogos que vimos do quintal da Chacara da sua família? Eu lembro e percebo agora como estava feliz.

 2P.S.: Aluga-se espaço em meu coração no ano de 2011. Interessada, por favor, contactar-me o mais rápido possível para que não perca essa chance única.

És o amor que sobrevive dentro de mim.

 O veneno que corrói a minha alma.

 O fogo que queima meu ser.

 O espinho que atravessa minha coluna.

 A solidão que destrói meus dias.

 A história acabada bruscamente.

  A mentira que atormenta meus sonhos.
Sabe, eu só queria um lugar, uma tarde, uns abraços e uns sorrisos.

Meu Primeiro Amor

Eu tenho saudades dos tempos em que corria sem medo de me machucar e quando caia, chorava, mas logo sorria e voltava a brincar. Tenho saudades da minha infância onde nada habitava meu peito e eu não sabia o que era sentir o amor. Hoje sei e como sei. E por saber, sinto medo de me machucar. O amor se alojou em meu peito e fez uma bagunça tão grande ao trazer junto um tanto de sentimentos que eu não conhecia. E quando essa bagunça acabar e eu descobrir que tudo aquilo é eterno, sinto medo da rejeição e quando eu quiser correr e cair, vou acabar jogado no chão, sem ninguém para esticar a mão. Porém, as palavras amorosas são tão aconchegantes, fazem tão bem aos meus ouvidos, que é impossível recusá-lo dentro de mim. Eu simplesmente não quero me importar com o medo, nem com o cair, quero apenas vivê-lo e sentí-lo pulsar cada vez mais forte. Quero vivê-lo em cada instante de felicidade e tristeza. E sei que se um dia ele for embora e aqueles velhos tempos voltarem, a saudade que sentirei do amor será maior e mais dolorosa. Então, eu simplesmente esqueço todos os males, todas essas saudades bobas e o puxo para dentro da minha vida. Farei tudo por esse amor, lutarei com todas as minhas forças e sei que serei recompensado com a mais plena felicidade.

Que andar é reconhecer

Esqueço tudo que me levou a você, esqueço tudo que lhe trouxe até a mim, esqueço tudo que nos fez seguir juntos. Devagar, meio rastejando, vou apagando aos poucos suas lembranças dentro de mim, tornando-as tão sujas como nosso último dia juntos. Eu criei força, meus músculos se enchem de energia e me impulsionam numa estrada sem fim. O controle ainda é meu, me lembrei. A vida ainda é minha, o sorriso ainda é meu, o coração ainda bate por mim. Não é você que vai me tomar tudo isso. Alias, ninguém vai. Nem você, nem ele, nem vocês. Hoje eu me levanto cansado, recuperando todo o fôlego perdido e quando me ponho de pé, volto a andar e a correr e a voar. Às vezes a estrada está escura, sombria, cheia de vozes do além e fantasmas do passado. Porém, eu não me assusto mais. Continuo andando, piso forte, inclino a cabeça e sorrio, feliz, iluminando tudo ao meu redor e expulsando os males. Não sei exatamente o que encontrarei lá no final, se será um pote de ouro, se será mulheres nuas ou a morte. Eu realmente não me importo em saber ou não. É isso que me faz tão forte: Não saber. Sou forte porque não sei quando amo de novo, quando vou casar, quando vou comprar meu carro ou quando vou sofrer um acidente grave. Essa falta do saber, essa dúvida do que vem por aí, a vontade de descobrir, tudo isso e mais um pouco de paixão pela vida, é o que  me faz seguir. Nunca foi a vontade de esquecer você, pois nunca esquecerei. Será para sempre lembrada, como a mulher que me fez amar pela primeira vez e sempre estarei grato. Obrigado por me amar e por um dia ter deixado de sentí-lo.

Minha Carta

Oi. Me desculpe por isso, mas é que eu não estou aguentando mais. Eu sei que errei muito contigo nos dois anos que tivemos de namoro, sei que não fui o melhor, sei que você fez de tudo pra dar certo, sei que cansou, que está em outra, que não me quer mais. Sei de tudo isso. E, em outros tempos, tudo isso seria motivo o bastante pra eu te deixar em paz e viver a minha vida. O problema é  que agora não consigo te largar, não consigo deixar você sair de dentro de mim. Não é de propósito, entende? Totalmente sem controle. Quando sinto algo, sinto por você. Quando penso em alguém, penso em você. E isso acontece toda hora, todo segundo, todo momento. E a saudade aumenta cada vez mais, me deixando louco, me deixando totalmente sozinho, inseguro, infeliz. Eu desejo você a todo instante, quero seus braços entrelaçado no meu pescoço, sua boca roçando na minha, seu corpo no meu. Quero ser o seu primeiro, quero te fazer sorrir, quero olhar para o lado e te ver feliz. A verdade é que você não saiu do seu lugar, e sim me tirou do meu lugar. Você ainda é a dona dos meus suspiros, ainda é você que me faz sonhar. Eu não aguento mais isso de tentar se separar, entende? Talvez seja isso que você precise pra seguir adiante, mas eu não. Seguir adiante pra mim é estar feliz com quem eu amo, e eu amo você, droga. Eu amo muito e é muito amor dentro do meu coração, que só faz doer. Não sei se lhe peço mais uma chance, não sei se lhe peço para me esperar ou para pelo menos falar comigo. O que eu sei é que sinto um vazio dentro de mim desde aquele dia infeliz em que você me dispensou, vazio esse que tento preencher a todo momento para evitar a dor de sentí-lo de novo, mas as vezes é inevitável sentí-lo, sabe? Não há o que preencher, não há quem. Só você, você e você. Eu te amo. E não é vinte dias longe de tudo que vai mudar isso. Nada vai mudar isso.

Últimas Fotografias

Vou para um lado, vou pro outro, você vem junto comigo sorrindo, chamando meu nome, meu apelido, gemendo pelo meu amor. Aperto seu braço, sua perna, sua coxa, roço minha perna na sua, roço meus lábios nos seus. Primeiro é a camisa no chão, segundo é o sutiã, terceiro é a calça e por último sua calcinha. Minha camisa vai parar na janela, meu calção debaixo da cama, minhas meias sumiram e minha cueca perdeu-se entre tantas outras peças. Suamos juntos, grudando, molhando nossos corpos quentes e refrescando nosso desejo. Tudo fica mais forte, mais rápido, mais intenso. Grita, grita e grita. Geme. Implora por mim, implora pelo meu. Arranha minha pele, sente minha carne e grita, ofegando o ar que deixamos quente, abafado pelo nossos sussurros durante o ato. Depois relaxa, esparrama seu corpo pelo macio do colchão e sorri. Engraçado como sempre está sorrindo. Engraçado como acho isso lindo. Fico te olhando deitada, tentando marcar uma outra data para um novo ato, tentando segurar lágrimas de despedida e sonhando com o futuro que nos aguarda. Ali parado, olho para a curva da sua cintura que deve existir somente para o pouso suave de minha mão, olho seus olhos fechados e consigo imaginá-los abertos, me espiando. Olho seus seios macios, prontos para serem mordidos. Olho para seu ombro, seu rosto, olho para dentro de você. Minha mente guarda dentro de si cada pedacinho de seu corpo, de seus momentos, cada pedaço do nosso amor. E esse momento, a despedida, não está de fora do álbum que criei dentro da minha cabeça. Afinal, eu estava mesmo precisando completar a última página.

Além

Ele acordou determinado a possuí-la. No dia anterior pensou bastante no que essa decisão acarretaria, nas consequências de ir além do normal e decidiu arriscar todo o laço existente entre os dois só pelo roçar dos seus lábios nos dela. Então, ele acordou e seguiu o mesmo caminho de sempre esperando encontrá-la para lhe dizer tudo que havia pensado e decidido. Sentiu sua ansiedade aumentar quando não a encontrou durante todo o caminho. Mesmo assim soube esperar até o momento do encontro, pois sabia que uma hora ou outra teria que esbarrar no ombro dela, afinal, ainda existia o laço entre eles que sempre faziam os dois darem de cara. O momento chegou e as suas pernas tremeram quando viu ela andar em sua direção, com um olhar incomum para ela e um jeito de andar pesado. Pensou que isso era normal na situação dos dois, ou seja, que é normal ficar tão nervoso quanto ele. E todos aqueles sinais no corpo dela eram apenas nervosismo que logo iria embora com o tocar dos dedos entrelaçados. Porém, ela o surpreendeu ao dizer:

- É dificil. A situação, eu e você, as pessoas ao nosso redor, nossa história. É tudo muito difícil.

Ele sentiu uma onda gelada percorrer seu corpo e seu coração começou a se encolher até sumir. Meio gago, meio nervoso e completamente partido, tentou manter o controle de si e respondeu:

- Eu preciso disso. Tenho certeza de que o destino será maravilhoso com nós dois. Você precisa confiar, precisa... - Me beijar. Era isso o que queria dizer, mas não disse. Um medo tomou conta do seu ser e acovardou-se, evitando ir além, logo agora que tinha decidido ter coragem de ir.

- Eu... Realmente não sei. - Ela parecia estar desconfortável com a situação. - Você é um grande amigo, ótimo, daqueles que gosto de conversar, mas talvez seja só isso, entende? Talvez eu apenas goste de conversar.

Logo ele viu que tudo que tinha decidido no dia anterior nada valeria naquele momento. Nada adiantaria tentar convencê-la de que ele é o cara certo para ela e vice-versa. Tentou achar forças para continuar a insistir mas notou cansaço nas palavras, nos gestos e no rosto dela. Sabia que estava destruindo tudo que eles haviam construindo até ali, mas não conseguia compreender o porquê de não poder construir algo bem maior. A onda gelada tornou-se quente num piscar do tempo, sentiu um calor enorme dominar seu corpo e torná-lo cansado. Ele não queria mais estar ali, não queria ter que ouvir tudo aquilo de novo, só que agora dito por ela, logo ela, a garota, o seu sonho. Foi então que começou a correr, desceu a ladeira que dava no portão da sua casa segurando a raiva, rangendo os dentes e com os punhos fechados. Tentou entender tudo que se passou naquela manhã, tentou entender tudo o que sentiu numa manhã que era certo para ser a melhor de sua vida, mas não conseguiu. Sentia dor, raiva, decepeção, tristeza, amor e aquela sensação de ser quebrado em pedaços. Ele não conseguiu entender. Ele não entende até hoje porque ainda pensa tanto nela. Talvez porque ele goste de pensar, entende? Apenas.

Fantasma

Parado no meio de uma rua, olhando reto, desfocado, apenas olhando reto e pensando em... Pensando em nada. Corpo estático, pele fria, vento frio, noite fria. Sinto meus pelos do braço eriçarem com a ventania que tenta empurrar meu corpo pra trás. Sinto também vultos passarem pela minha direita, pela minha esquerda, por cima de mim, por debaixo e principalmente por dentro de mim. São pessoas. Estão seguindo, indo e vindo, continuando, terminando, morrendo, vivendo, estão sendo pessoas. O frio que me passam é maior do que o frio que vem dos ventos. É um frio que se aloja dentro do meu peito, da minha mente e congela tudo dentro de mim. Por isso o corpo estático, por isso não sigo, por isso sou tão só. Porque as pessoas passam por dentro de mim e depois se vão.

Minha noite

Gotas geladas escorregam pela minha garganta, descem rasgando meu pescoço e me obrigam a fazer uma careta durante alguns segundos. Logo sorrio, alegre, levanto o braço que sustenta uma mão que por sua vez sustenta um copo. Grito, agradeço a não sei o quê e depois volto a tocar a borda do copo com meus lábios. A mesma sensação de novo e a noite segue assim, com cenas se repetindo. A noite é perfeita. Céu estrelado, lua brilhando incessantemente, iluminando toda a escuridão aqui embaixo. É bom apreciar a noite, olhar toda sua beleza e estar agradecido por isso. É muito bom. Porém, o tempo passa e na minha cabeça não é mais noite. É dia, tarde, noite, frio, calor, é uma volta inteira. Tudo gira, eu giro junto. Meu braço é rasgado por uma mão cheia de pontas que tenta me puxar pro escuro. Minha cabeça é jogada num mar marrom. Meus lábios são sangrados por uma gata selvagem. Às vezes minha mente abre os olhos e grita. Eu não escuto, eu sigo. Gosto do que está acontecendo. Me distrai, me faz ser uma pessoa que não sou. Um homem sem sentimentos que sorri, que grita, que parece estar vivendo tudo que há de melhor no mundo. Me sinto num carro em alta velocidade, seguindo numa estrada sem fim, reta, com luzes nas laterais e com amigos gritando, rindo de mim, rindo deles, rindo de tudo. De repente, o freio de mão é apertado, sou jogado pra fora do carro pelo para-brisa, rolo pela estrada rasgando todo o meu corpo, sangrando-o, sinto o carro passando por cima de mim e seguindo até sumir da minha visão. Meus olhos se fecham, minha mente se fecha e apenas as feridas do meu corpo ficam abertas. Deitado ali parece que passou milhares de anos, parece que tomei chuvas, raios e ventanias. Tento abrir os olhos várias vezes, mas o claro do sol não deixa. Quando entardece, consigo abrir e vejo que ainda estou na mesma estrada, jogado no mesmo chão e sozinho. E parece que aguentei por tudo isso. É nesse momento que aparece uma mulher, com seus cabelos negros, seu sorriso contido, seu vestido jogado ao corpo, suas mãos tocando meu rosto, seus olhos fixados nos meus, seus cuidados em mim. Ela me levanta, me segura pelo braço, limpa minhas lágrimas e apenas diz: - Vamos? Num gesto com cabeça, aceito o pedido e continuo a seguir a mesma estrada, acompanhado por ela.

Dois anos e alguns dias.

Dias não são mais dias. Noites não são noites. Sorrisos não são sorrisos. Felicidade não há. Calor não sinto. Frio sinto. Saudade também. Perdido estou. Quero ser encontrado. Tenho um buraco na alma. Falta alguma coisa. Alguém. Viver é dificil. Continuar é complicado. Seguir é o que restou. Que caminhos se cruzem e que eu seja feliz por inteiro. Como ontem, como hoje, como no dia vinte e três de outubro de dois mil e oito.

Sofrer

EU NÃO QUERO MAIS. NÃO AGUENTO MAIS ESSA DOR. POR FAVOR, MEU DEUS, TIRA ISSO DE MIM. ARRANCA ESSE SOFRIMENTO DO MEU PEITO, DA MINHA ALMA. NEM QUE PRA ISSO EU ME TORNE OCO POR DENTRO, NEM QUE EU VIRE UM MORTO-VIVO, MAS TIRA, ARRANCA, MANDA EMBORA. MINHA CABEÇA DÓI, MEU CORPO DÓI, MINHA VIDA DÓI. AS FERIDAS ABERTAS DOEM. AS FACADAS DOEM. OS SOCOS DOEM. PRINCIPALMENTE AS PALAVRAS DOEM. MEUS OUVIDOS PARECEM SANGRAR DE TANTA DOR, MINHA CABEÇA RODA, CONFUSA, PROCURANDO UMA ALTERNATIVA QUE NÃO SEJA O FIM. PORÉM, A ÚNICA ALTERNATIVA QUE TENHO É O FIM. O MEU FIM. NÃO QUERO MAIS SENTIR DOR.

Malandro

E ele vem, com seus jeito malandro de andar, seu sorriso no rosto, seus olhos perdidos e todo o brilho de uma paixão. Vem e logo me enrola com seus braços, tão morenos e fortes. Houve tempo em que meu corpo apenas se despejava sobre esses braços e meu mundo era ali, mas ultimamente estou com pavor de tocá-los. Quando eles me envolvem são como correntes que me prendem e não me deixam ir além do que sou. Os beijos dele são como sanguessugas que sugam toda a minha vitalidade, minhas energias e minha liberdade. Sinto-me sufocada com tantas carícias, tanto afago. Quero voltar para o meu mundo e dizer olá novamente à todos os meus parceiros e parceiras. Quero voltar a tomar sorvete, me lambusar e depois correr atrás das minhas crianças, dizendo que sou o monstrinho. Eu preciso me livrar disso, preciso encontrar algo concreto, que seja forte como eu sou e que me proteja. Se ao menos eu pudesse dizer isso à ele, se ao menos me deixassem mandá-lo embora, se ao menos eu tivesse uma arma e pudesse fazer dela a chave para minha liberdade, matando-o. Essa sensação de não poder é ruim, é humilhante. Me puxa para os mais baixos níveis da impotência e me afunda num poço de lágrimas... Não minhas, lágrimas dele. E como perco a paciência com os choros dele, com a carência e todo a sua insegurança. Como ele conseguiu se tornar uma pessoa tão patética? É isso que acontece com os malandros quando amam? Tornam-se Zés? Será que o amor faz eles sambarem menos quando a música da vida toca? Bom, com o meu malandro é assim. Alias, nem malandro ele é. Agora é um romântico, um Romeu. Morreria por mim, mataria por mim. Coitado. Mal sabe ele que o meu tempo acabou, que minha música se foi e todo o meu amor o deixou. Se ele ainda for malandro mesmo, talvez faça um música sobre a dor que sentirá e será ouvido por milhares ou por minorias, não importa, será ouvido. A falta que você sente não é minha, Malandro. É da música.

Linha, migalhas e o close pro fim

Se até hoje ainda não entendeu porque sou assim, não vai ser agora que vai conseguir esse feito. Agora é a pior hora pra tentar te explicar algo, já que você parece não mais me ouvir, já que você soltou a linha tênue que segurava nosso amor. É muito dificil continuar tentando, minhas estruturas estão sendo destruídas, meu orgulho totalmente ferido e meu coração dilacerado. Você e seu teatro não vão me convencer de que a linha ainda está forte ou que ainda está lá, esperando por nós. Quebrou-se, partiu-se, foi-se. Era uma vez uma linha... Era, porque não é mais. Não existe, não há, não tem. Eu juntei as migalhas dessa linha numa caixa que está guardada não sei aonde. E são elas que ainda me fazem tentar. Porém, cada vez que você demonstra seu cansaço num olhar ou num gesto, jogo uma dessas migalhas fora. Um dia acabarão e nada mais vai nos restar. Nada além do fim.

Pensando

Fico me perguntando como uma pessoa pode se tornar tão babaca ao ponto de afastar todas as pessoas e viver num mundo de amargura... Como faz isso? Pior: como eu ainda a amo? Arranque-me o que pulsa por ti. Ela tem o que é dela, tem o que ela quer. O que ela não quer simplesmente descarta, é jogado fora como um papel amassado sem importância. É tudo na hora que ela quer, do jeito dela, cada vez mais sinto minhas asas serem cortas e a minha liberdade se esvair como as penas que são jogadas ao vento. Não sei pra onde, não sei porquê.

Solto.

Solto, suspenso no ar. Estou sendo empurrado pela pressão gravitacional. Não, é mais do que isso. É pressão de batimentos repetitivos, de pensamentos enegrecidos e sentimentos confusos. Sinto que a qualquer momento meu corpo se encontrará com o chão e causará dores nunca sentidas. Procuro desesperado por braços amigos que possam me segurar, não os encontro. Dessa vez todos foram embora, se perderam no meio do meu caminho. Meus braços balançam freneticamente no ar, decepcionados por não serem asas e não poderem me salvar num voo.  Olho ao meu redor e só enxergo escuridão. O mundo que havia ao meu redor foi engolido pelas trevas e a única luz que ainda brilha é a minha pequena estrela lá em cima, que nessa hora já brilha tão fraca que em poucos segundos seu brilho se tornará apenas um fio de luz, quase sem vibração. Deixo minha cabeça pender pra trás num verdadeiro ato de desistência, fechos meus olhos e penso em como perdi todos os meus apoios e minhas estruturas. Uma última lágrima desloca-se do meu olho, descendo lentamente pelo meu rosto, trilhando um caminho molhado até cair em queda livre ao chegar ao limite do meu maxilar. Poucos centímetros antes de tocar o chão, meu corpo é congelado no meio do ar e meus pensamentos voam até meu passado, antes feliz e num determinado momento – não sei qual - tornou-se o pior dos passados. A infelicidade tomou conta do meu ser de tal forma que a reserva de energia que ainda se encontrava dentro de meus músculos se fora num grito estridente de dor, um grito sem forma nem cor, apenas um grito. O meu último suspiro. Enfim vazio, meu corpo despencou no chão escuro e frio. Aquele último fio de luz foi-se apagando. Encolhi-me no chão, deitei-me no frio e senti o último soprar de vida ir embora.

Amante

Deitado na cama, com o corpo nu e jogado entre os lençóis. Olho para ela e procuro não sei o quê, talvez um brilho, uma luz. Eu forço a vista, vejo que ela tem uma pinta de nascença no ombro, pequena e arredondada. Diria até que é um bocado sensual. Ela era realmente uma belíssima mulher, daquelas que com um olhar dilaceram o coração de um pobre coitado. Simplesmente não conseguia saber o que se passava dentro daquele corpo esbelto ou dentro daquela cabeça coberta de cachos e isso me incomodava. Claro, eu sempre sorria tentando demonstrar concordância quando ela dizia que eu era o único ou o melhor entre todos os tantos. Óbvio, eu gostava de ouvi-la dizer tudo isso. Só que sempre soube que eram mentiras ou pareciam ser. Eu me levantei ainda nu, com gotas de suor brotando em minha nuca e fui andando, sem demonstrar nervosismo em meus passos, ao encontro dela. Cheguei por trás, sorrindo, olhando-a pelo reflexo no espelho e notei que estava se preparando para ir embora. Disse para ficar mais um pouco enquanto beijava levemente a lateral do seu pescoço, ela disse que não podia e que já estava na hora dela ir, eu disse que só precisava de um tempo pra conversar, só mais um pouquinho e quando disse isso apertei sua cintura com meus dedos, tentando puxá-la pelo quadril pra junto de mim, ela se desvencilhou e disse pra eu parar já, que estava cansada de brincadeiras e que queria parar com esses encontros, que não aguentava mais passar por isso e numa questão de segundos já estava à procura de sua bolsa pelo quarto. Eu fiquei aborrecido naquela hora e segurei-a pelo antebraço, puxando de novo para perto de mim, disse que precisava apenas de uns minutos para conversar, porque ainda sentia saudade, eu dizia tudo aquilo, mas sabia que não era verdade, queria apenas diversão. Ela proferiu alguns palavrões antes de soltar-se e me mandar vestir alguma coisa, porque minha nudez estava incomodando-a. Eu não fiz o que ela mandou, nunca fazia o que ela mandava e fui me deitar de novo na cama. Disse para ela que estava muito linda hoje e sentia inveja do sortudo que a encontraria, ela agradeceu da forma mais rápida possível e preocupou-se mais em colocar seus sapatos. Aproveitei que ela estava sentada na beira da cama e me aproximei lentamente, abracei-a por trás, sorrindo e dizendo no pé do ouvido dela que iria sentir saudades.  Consegui ver o sorriso quase escapando do rosto dela, aproveitei esse momento oportuno e mordi seu ombro, exatamente no local da pinta de nascença. O sorriso sumiu do rosto dela e ela me deu uma cotovelada, proferiu mais alguns palavrões antes de dizer que precisava ir logo, deu um beijo na minha testa e saiu que nem um furacão pela porta. Não entendi porque ela era tão cruel comigo, a ponto de me dizer maravilhosos elogios em um momento e noutro estar a falar mal de mim, além de me chamar de diversos nomes que eu jamais ouvi. Passei algum tempo ainda deitado na cama pensando em tudo isso, em como ela era terrivelmente cruel comigo quando queria, mas também como era extremamente gostosa toda hora, até quando era cruel. Percebi o quanto estava fardado a sofrer na mão daquela mulher e nesse momento sorri, pois me dei conta do quanto valeria pena cada segundo de sofrimento e como eu amava aquela mulher, aquela pinta de nascença, aqueles cabelos negros e seus lábios, seus olhares, seus sorrisos e toda a sua crueldade. Depois de um tempo divagando sobre o que sentia por ela, acabei adormecendo e lembro-me de ter sonhado com ela. Sonhei que ela era minha.

Doce Solidão.

Minha doce solidão, que tanto me acompanha nas estradas esburacadas e escuras, que me faz seguir caminhos errantes, que sussurra em meus ouvidos coisas absurdas sobre verdades, que se sente enciumada quando falo dos meus amores, que só falta explodir minha cabeça quando penso na pessoa errada. Minha doce solidão, sabes o quanto preciso dos teus ditados e dos teus falados, desses teus olhares que tocam minha alma. Ah, minha doce solidão, sem você eu não sou nem metade do que sou hoje. Sem você, não estou são. Com você, minha loucura é atrativa aos outros. Por isso peço, doce solidão, que não vá e que nunca deixe de ser doce, pois esse teu açúcar viciou meus lábios, envolveu meus pensamentos e rumou meu barco.

Morte aos palhaços.

Estarei andando nas ruas cheias de papéis, serpentinas e confetes. Todos estarão usando nariz de palhaço, aquela bola vermelha que reflete nada mais do que a nossa própria vergonha. Olharão para mim, sorridentes, e me pedirão ''por favor, aperte o verde''e eu direi ''não, hoje não''. Hoje não porque hoje tem que ser diferente, eu preciso que seja. Não só eu, mas todos nós. Precisamos parar de dar sinal verde para que esses malditos palhaços com dentes de tubarão e sem alma nenhuma tomem conta do nosso destino. Eles dirão que o futuro nunca foi tão certo e não estarão mentindo. Já que um futuro maldito e desgraçado é quase certo para nós. Não para eles. Eles estão deitados em almofadas recheadas de notas verdes, sentados em bancos dourados e se banhando com o sangue de inocentes. E continuam a sorrir, dão risadas histéricas, ensurdecedoras. Só que, hoje não. Hoje o sorriso é nosso, e nós somos os donos do sangue que tanto banha vocês e que sufocará suas vidas. Nós, seres com almas, temos o poder em nossas mãos. Temos o tambor do tempo que está tocando querendo o fim dessa encenação, desse circo. E não pense que irei me curvar diante de seus cabos, nem de suas plásticos ou escudos. Eu os ultrapassarei e os destruirei, como um mamute enfurecido pisa em cima de um formigueiro. Estarei correndo em sua direção e só vou parar de correr quando você não existir mais, quando seu sangue sumir no pó levado pelos ventos do esquecimento. Prepare-se, sentirá a fúria de quinhentos anos.

Nada mudou

Uma nova estação está por vir! Esse foi o aviso que estava escancarado na janela do quarto. Eu o olhei, tentei entendê-lo, cheguei um pouco mais perto e quando tentei tocá-lo, ele se dissolveu em gotas. Era mentira. Nada de novo estava por vir.

A falta que você me faz

Fazia tempo em que ele não sentia o seu coração bater tão forte. Batia diferente, estava quase rasgando sua carne e saltando pro lado de fora do seu corpo. O coração estava inquieto, alguma coisa estava acontecendo ali dentro e ele não sabia. Tentou aquecer o coração com as palmas das mãos, porém, estavam frias. Tentou respirar pausadamente, mas o coração não aguentava mais esperar. Desesperado ou enfurecido, não soube bem, só sentiu aquela massa meio arredondada se esgueirar por dentro do seu corpo até sair pela sua boca e se jogar ao chão. Pulsou, pulsou e pulsou. Cada vez menos, cada vez parando. Até que parou. E, por benção de Deus, por sorte do destino, ele continuou vivo. No principio sentiu o vazio dentro do seu peito, sabia que faltava algo ali e sabia o que era, mas forçou-se a continuar sem. Agora já era tarde demais, o buraco vazio passou a ser parte dele. E como era interessante! Ele agora podia ser um verdadeiro ator, um copiador da vida, podia sorrir por sorrir! Chorar por chorar! Sentir por... Não. Nunca mais voltou a sentir algo bater.

Fuga

Ele corria desesperadamente, limpando com as costas dos dedos as gotas de suor que pousavam em seus olhos e embaçavam sua vista. Corria demais. Esbarrava nos homens de branco, nos de preto e também nos de gelo. Esses últimos, faziam ele sentir que estava cada vez mais próximo. ''Próximo do quê?'' Gritava esperneava uma voz lá de baixo do seu subconsciente. Muitas vezes era impossível escutar essa voz, já que a outra voz, a mais forte, a confortavelmente linda voz, dizia para ele seguir correndo, se era liberdade e paz que ele tanto desejava. Ele fazia o que ela mandava, claro, não tinha escolha, há momentos em que precisamos de uma voz linda para nos dizer o que fazer e ele tinha a dele. Então, como um cara inteligente que ele descobriu ser, passou a seguir todos os mandamentos dessa voz forte (e linda).

Ele corria.
Não sentia mais suas pernas doerem, porque nem era mais dono das tais que sustentavam seu corpo. Já tinham sido dominadas por não sei o quê, ou quem. Subia degraus. E essa sensação de subir degraus dava à ele a impressão de estar pulando andares, alcançando tetos. E foi isso que ele encontrou quando os degraus acabaram, um teto. Amplo, vazio e frio. Suas pernas pararam, seu suor não. Teu corpo molhado balanceou pra frente e pra trás, e o único sinal de vida dentro da sua cabeça foi um grito, estridente como trovão: ''VAI!'' E ele foi. Para nunca mais voltar. Ou quem sabe, voltar e mais uma vez tentar. Por enquanto, ele apenas foi.

Herói Morto

Quando se perde alguém, não se lembra o porquê e sim quanto tempo faz. Para mim, faz anos, mas ao mesmo tempo parece que nunca o tive. As lembranças são poucas, vagas e misturadas com imagens criadas pela minha imaginação. Uma criança não espera perder teu herói quando ainda nem aprendeu a dizer o nome inteiro, uma criança não imagina o amanhã, vive o hoje. Não guarda lembranças, as tornam realidade. E quando inesperadamente perde o pai, já é tarde pra guardar lembranças. Ele se foi e o que restou foi memórias contadas por outros. E do herói morto, nasce o garoto confuso e perdido, sem auxilio e segurança. Daí então, percebo a falta que ele me faz.

Que Voam

Eu não sou novo por aqui, faz mais de duas décadas que cheguei. Semana passada reparei em uma garota de outro setor que vezenquando passava pelo corredor onde tenho meus afazeres. Ela passava assim...voando, no sentindo de estar sempre nas alturas, num lugar diferente do normal, lá em cima. Parecia fluturar com aquele sapatinho tamanho trinta e seis vermelho, como uma modelo de passarela. Não sei se os outros a viam assim, sei o que meu olhos enchergam e eles se depararam com infinita beleza. Passei três dias apenas a observando, sabendo que não era nem um pouco notado. Até que no quarto dia ela me notou, esbarrou sem querer em meu braço e pediu perdão, sorridente, de uma maneira que só ela sorri. Tive certeza que era ela. Mal dormi a noite seguinte pensando em como seria o amanhã, torcendo para que ela esbarrasse de novo e pedisse perdão de novo e sorrisse de novo. Viveria aquele momento cinquenta, trezentas, quinhentas vezes se possível! Estava muito empolgado, esperançoso, até que... Bom, aconteceu o que não devia. Saí lá pra fora para cuidar dos meus afazeres e pude ver lá na esquina, que ela estava aos beijos com outro rapaz. Naquele momento minha vontade era ser ele, pena eu não poder ser ele. Fiquei realmente triste aquela noite.  No dia anterior, fiz de tudo para não encontrar ela naquele corredor e consegui. Nos outros tantos dias que vieram também foram assim. Eu escapando dela a todo momento. Hoje ela voltou a passar por mim, me deu boa tarde, eu a respondi, mas senti que algo terrivelmente mudou entre nós. E, talvez, o motivo seja a nova garota que entrou esses dias. Essa outra garota, passa assim...voando...

Louco pra Correr

Sim, você me enlouquece. Me transporta pro teu mundo, me deixa sem roupas e sem porquês. Com você perto asim, eu perco a razão. Perco porque sei que com você estou ganhando no amor, estou na vantagem. Melhor estar perdido em teus braços do que encostado em outros. Os outros são apenas pontos de espera, pausas pra respirar. Você é o meu destino final, é por você que eu corro e é por você que eu vivo.

Com você, eu voo.

Preciso aproveitar o tempo que ainda a tenho no topo do meu mundo, precisamos ver as nuvens, o sol, os pássaros, as cidades e suas luzes. Temos um mundo ao nossos pés para apreciar. Estamos voando, levados pela menor brisa ou pela mais forte ventania, não importa pra onde. Importa que estamos juntos.

O Tempo voa e a gente dança a Dança do Amor.

Vem que eu fecho a porta pra ladrão nenhum roubar nosso amor. Abro as janelas para teus gemidos serem levados pelo vento. Desligo as luzes, a TV e ligo o rádio pra dançar escondido, fazer gostoso. Vem que minha cama tá fria, que meu cobertor é grande demais, que eu tô sozinho. Me enrola em teus braços, me engane com teus cheiros, me sufoque em beijos. Estou te esperando pra fazer do dia e da noite um turno só. Não importa se tem que sair às três da manhã ou às três da tarde, você não vai. Nossa brincadeira é pra sempre, não tem hora e muito menos lugar; Em cima da mesa ou debaixo do chuveiro, em frente ao espelho ou grudados na parede. E se pensar em ir embora, lhe darei mil motivos para ficar. Se achar que está atrasada, darei razões pra continuar. Nada parece importante quando estamos rolando na cama aqui. Nada terá importância quando você chegar..

O Objetivo da Vida

''O objetivo da vida é o autodesenvolvimento; é perceber, com perfeição, nossa natureza… é para isso que estamos aqui, cada um de nós. Mas, hoje em dia, as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram-se da mais elevada das obrigações, a obrigação que devemos a nós mesmos. Mas, é claro, são caridosas. Alimentam os famintos, vestem os mendigos. A alma delas, entretanto, sente fome, está nua. A coragem desapareceu desta raça e, talvez, jamais tenha existido em nós. O terror da sociedade, base de toda moralidade, o terror de Deus, segredo da religião… são essas as duas coisas que nos governam”.

Oscar Wilde em ''O Retrato de Dorian Gray''

Amar e sentir

Pensei em escrever o que você representa para mim. Pensei em detalhar aquela noite que tivemos juntos, pensei em escrever sobre suas manias e suas crenças ou sobre teu jeito e tua forma de lidar com o mundo e com as pessoas. Pensar em você faz parte de mim. Porém, não é pensar a palavra certa pra esse momento. Agora, eu sinto. Sinto sua falta, sinto teu medo e teu pavor. Sinto que te amo e que quero apenas te ter em meus braços, para que não escape nunca, pra te proteger de todo o mal. Estou sentindo você batendo aqui dentro.

Conflitos Internos

O que é paz? Do que é feita? Como obtê-la? Não sabemos, não temos ideia. Ou então sabemos sim toda a fórmula de ter paz. Porém, não sei porquê, não a queremos para nós. Brigamos com a Televisão quando crimes cruéis são divulgados amplamente pela programação e perguntamos: ''Onde é que esse mundo vai parar?'' ou bufamos: ''É o fim do mundo!''. Quando assistimos isso chegamos a conclusão de que o mundo não tem mais jeito, o mal tomou conta, estamos perdidos, o apocalipse está chegando, etc. Só que se pararmos pra prestar atenção em nós mesmo, veremos que nem dentro das nossas mentes temos paz. Vivemos em conflito com nós mesmos . Desistimos de sonhos, deixamos de vestir o que gostamos ou de ouvir o que nos faz bem. Vivemos enquadrados, pressionados pelos julgamentos dos outros, vigiados pelos olhares de alguns. Não falamos o que sentimos e muito menos o que pensamos. Há uma Guerra dentro de nós, há terror dentro de nós. Antes de reinvidicarmos a paz lá fora, temos que cuidar da paz aqui dentro. Temos que ajudar os outros sem esperar benefício nenhum, temos que correr atrás dos nossos sonhos e não desistir do que pensamos e acreditamos. Se o conflito interno for vencido, se houver paz e sabedoria, aí sim poderemos buscar a paz lá fora.

Encontrando amor

Com o passar do tempo ele já não sentia mais a dor que tanto o sufocava. Notou que ela sumira durante sua ida ao parque de diversão, notou também que algo a substituira. Não sabe em qual momento, se foi na montanha russa ou no carrossel, só sabe que aquela garota não saía mais de sua cabeça, nem os cabelos negros e cacheados que cintilavam a luz do sol, muito menos os olhos cor de mel tão profundos quanto o mar. O que ele não esqueceu durante todo o resto da sua vida foi o sorriso tímido pelo qual teve a certeza de ser iluminado. Se sentiu aliviado. Finalmente encontrou a luz e se libertou das trevas. Finalmente amou, finalmente sorriu, finalmente a encontrou. O que vem depois ele não sabe e nem quer saber, ele quer viver, sentir o presente entrar pelas janelas do quarto e espantar o passado. O futuro dele é incerto, assim como era antes, mas agora há amor e quando o amor nasce, a esperança nunca morre.

Entre lençóis só no resta brigar

Não, não me olha assim. Não adianta. Teus olhos não me penetram mais e nem pense em fazer esse biquinho, já não faz mais efeito em mim. Chega de falar, não quero mais ouvir suas desculpas e nem teus porquês. Sim, eu estou cansado. Sim, eu sou teimoso. Sim, você fala muito. Para! Não se aproxime! Mais um movimento e eu acabo com você. Acabo de vez, isso mesmo. Odeio esse teu cheiro, odeio esse teu calor e esse teu suor. Sai pra lá. Vai, chama ele, talvez ele te satisfaça. Eu não sou capaz. Não sou porque não quero. Não sou, porque você não merece. Agora você abusou! Como ousa tocar em mim assim? Como… Não, cócegas não! Para, por favor. Eu vou lá! Trago teu café da manhã. Só me prometa que não vai se vestir.

As Aventuras no Espaço

Ao me levantar, me deparo com algo velho por aqui. Todos estão com as costas viradas para mim. Eu me pergunto porquê disso, será que eu mereço observar apenas a nuca de cada? Talvez se eu tentasse virar as minhas costas para vocês... Não, não daria certo. Estão me cercando, por todos os lados vejo costas, ombros, nucas, e mais nada. Não sei quais são suas expressões quando grito por ajuda, nem se estão com os olhos abertos, atentos ao que posso fazer. Devem estar dormindo, devo causar tédio. Eu não sei. Então eu corro, corro com toda energia que tenho, sinto meu coração bater enlouquecidamente no meu peito, se houvesse o vento por aqui, estaria batendo em meus olhos lacrimejados, e os meus punhos estão fechados por não ter onde segurar. Só que correr não adianta, por onde tento ir só vejo escuro e costas. Essas malditas costas! Porque todos resolveram desistir de mim assim? Eu preciso parar. Estou cansado. Meus pulmões estão sem ar, meu coração precisa descansar assim como minhas pernas. Levo as mãos ao joelhos, me curvo, procurando ar e aí então, eu percebo que não estou sobre chão nenhum. Estou vagando no espaço escuro e frio. Agora só me resta sentar, pois gritar não vai adiantar mais, nem correr. Vou me sentar aqui e esperar pelo sol, pela luz e pelo brilhar da vida. Como todo ser morto, eu tenho que esperar.

Do eu sozinho.

Assim calado eu vou levando, vou indo, sem ninguém perceber, seguindo meu caminho. Podem rir, xingar, bater, gritar, podem tentar de tudo, mas eu não dou a minima para o que pensam. Essa é o meu trunfo: Eu não ligo pra vocês! Vocês ligam pra mim. Ah, eu sei. Ligam demais. Pensam que sabem tudo sobre mim, vivem de primeiras e segundas impressões. Eu não me importo, sabe? Posso ser o que dizem, com toda certeza. Se dizem que sou estúpido, então eu sou. Quando dizem que sou um zé, concordo. Sou exatamente tudo o que espalham por aí, tudo e mais um pouco. A verdade é que eu sou nada, absolutamente nada. Estou aqui para observá-los, apenas, olhar seus costumes e suas manias, seus vicios e seus desejo, quero aprender a ser como vocês. Por isso, eu os deixo me guiar. É, vocês são meus guias. Me levem aonde quiserem, como bem entenderem, para o bem ou para o mal. Eu me cubro com suas criticas, seus falsos elogios e suas ofensas, as abraço com toda a força que tenho, até espreme-las e, no que sobrar, absorver o que mereço. Eu não tenho medo. Não gosto de me atrasar, de ficar pra trás, de esperar pra ver, de pensar ou raciocinar. Gosto de ir com tudo, com ou sem fé, enfrentar tudo o que eu puder apenas com o peito e a coragem. Por isso prefiro ficar calado diante de vocês. Enfrento vocês apenas com o olhar, e quando cruzam os seus olhares com o meu, riem, gritam, xingam, negam, precisam fazer algo, precisam mostrar algo, porque não sabem o que dizer, o que pensar e como agir diante de um simples olhar de solidão.

Minha tola sentença.

Tá, tudo bem, pode dizer o que for. Pode dizer que foi por sua causa que eu fiquei assim, que se você procurasse me entender não estariamos nessa situação ou que você explode muito, grita muito, fala muito, tudo muito. Pode tentar colocar a culpa em você. Vai lá, tente. Ninguém vai acreditar, ninguém vai se quer ter pena de mim. Nem eu tenho pena de mim. Por mais que você grite, que espernei e tente chamar a atenção de todos, ninguém vai culpá-la. Pois, em sua defesa, direi que o verdadeiro culpado sou eu, que cansei de todos que viviam ao meu redor, cansei dos sorrisos e abraços, das vontades e das mentiras, simplesmente cansei. Eu que me deixei levar pela sombra da escuridão, deixei-a pousar sobre minha cabeça e me cegar completamente. Eu, que invés de tirar os pés do chão e flutuar, fiz exatamente o contrário, deixei meus pés pesados e afundei na terra úmida e suja. Eu sou o culpado por seus planos darem errados e suas palavras perderem o sentindo, sou o culpado por seus olhos sempre estarem molhados ou por seu coração estar doendo agora. Não me venha dizer que somos cúmplices, porque não somos. Tá, somos cúmplices no amor, na paixão, na amizade, nas lembranças. Mas, na merda toda que aconteceu, eu sou o único culpado. Eu vou carregar esse sentimento comigo. Serei eu, daqui á dez ou vinte anos, que quando lembrar do que houve entre nós se sentirá mais triste e frustrado.A culpa é um fardo pesado que eu carregarei para sempre nos meus ombros e para onde quer que eu olhe, irei me depará com o fim. Essa é a minha sentença. Essa é a sentença dos tolos que não sabem amar.