Eterno

Os olhos dele brilhavam quando a enxergavam, enchiam-se de felicidade e desejo. As mãos deles tremiam quando a ouviam, suavam a espera do roçar dos dedos. O sorriso se prolongava por mais alguns minutos e caso ela sorrisse também, prolongava-se por horas de bêbada alegria. O coração acelerava ao máximo, fazia o peito doer, querendo apenas estar de frente pro peito dela para que o coração dela pudesse sentí-lo palpitar loucamente. O mundo dele tornava-se outro quando enfim conseguia tê-la derramada em seu corpo. Era escuridão ao redor e só havia luz nos dois, como se o foco de toda a humaninade estivesse voltado para aquele romance. Tudo era tão perfeito. O frio, o calor, a chuva, o sol, as nuvens, a terra, a grama... O mundo dele, enfim, estava completo.

Porém, lá no fundo, lá dentro, escondido em algum lugar, ele sabia que isso não era eterno. Que o mundo muda e os corações também. Que a felicidade sua já não é a felicidade dela. Que as pessoas têm necessidades e desejos maiores do que passar a vida numa cama de casal, pelados, vivendo de amor. Ele sabia que uma hora ou outra estaria só novamente, trocado por uma proposta de vida melhor do que ele um dia conseguirá oferecer. Sabia que o encanto acaba, a paixão vai embora, o desejo termina e o amor não é mais o bastante para sustentar sorrisos. E apesar de tudo isso, ele continuou vivendo esse romance até o fim, até onde foi possível vivê-lo e mesmo quando acabou, ele ainda o respirou. E hoje ele está perdido no mundo que criou, às vezes triste, outras vezes pior do que triste, mas nunca sozinho. Pois ainda sente o amor dentro de si e sabe, lá no fundo, como das outras vezes que soube, que sempre terá esse amor dentro do seu peito. Nem que seja apenas para fazê-lo lembrar da dor que é se entregar.

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