É simples, muito simples.
Eu saí ontem para ver a tal da lua azul, fenômeno que só acontece vez ou outra na história mundial. Tanto faz. Acontece é que eu fui realmente lá pra fora só pra ver a lua azul. Eu a vi, cheia, brilhante, nem tanto azul assim, mas bonita. A lua é sempre bonita. Mas, pense comigo como isso é triste... Alguém sair numa noite apenas para ver um fenômeno da natureza. Muitos dirão que há poesia, beleza, filosofia, astrologia, um bocado de coisa que envolve nosso satélite natural. Outros dirão que era bem melhor ficar em casa, abraçado aos edredons, talvez bebendo, talvez fumando... Bom, fato é que eu não vou de acordo com nenhuma dessas opções. Eu optaria em sair pelas ruas, andando, numa roupa simples bonita, do jeito que você gosta, perfumado e cabelo penteado, andando assim, até sua casa, apertar sua campainha, bater na sua porta, chamar seu nome, brigar com o porteiro, com sua mãe e com as pessoas que preferem fazer outra coisa, por exemplo ver a lua azul e dormir cedo. Sabe, é triste sair na rua ver a lua e não pode ver você. Eu só queria ver você, seus olhos, o negro do seus cabelos, seu sorriso. Aí eu te tocaria, pousaria meus dedos sobre seu rosto, beijaria seus lábios com os olhos fechados e pouco me importaria com a cor da lua, mas sim com a cor do seu sutiã, da sua calcinha, do piso da sua cozinha, dos azulejos do seu banheiro, do teto do seu quarto e me sentiria parte de um fenômeno natural, tão importante quanto a lua azul. Mas eu não posso.
Você não quer.
Eu tenho medo.
O tempo passou.
Mudamos.
E é muito mais simples sair na rua ver a lua azul.

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