Esse índios tão nus rodopiam seus corpos no meio da floresta tão úmida e fazem músicas com suas bocas tão morenas, alertando aos animais tão atentos que depois de tanto tempo a chuva vem caindo sobre nossas terras e molhando nossos povos, nossos jeitos e costumes, num sinal de que as divindades - sejam elas indigenas ou seja elas animalescas - estão nos dando a benção para enfrentar o mal que habita o outro lado do mundo, o lado negro mas de cor branca que traz dentro de suas malas o conhecimento para a destruição, pertubando a ordem de quem só quer deitar-se na areia da praia e ver as ondas chocarem contra seu corpo tão nu. Esses índios tão nus, tão ingênuos e bondosos, caem na armadilha da curiosidade que cresce dentro de cada ser da Terra e descobre coisas que não devia descobrir, que não precisava descobrir e se perde num labirinto de mentiras ditas em outras linguas, bocas diferentes e corpos cobertos demais. Enquanto aquele outro ser rouba a sua felicidade, o indio tão nu pergunta dentro dele mesmo como é que é ser um Deus e não sentir vontade de ficar pelado, deitado na beira da praia, só sentindo o mar invadir a terra e a terra expulsar o mar.

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