Toda vez que tenho que sair de casa, eu me preparo espiritualmente para enfrentar a indiferença das pessoas ao se depararem com meu ar cabisbaixo e triste. Eu tiro forças de onde não tenho pra não cair em prantos no primeiro olhar de desaprovação que me acertar. Dessas forças ocultas eu consigo tirar às vezes um sorriso, uma piada, um gracejo, algo que façam pensar que não tem nada de errado comigo... Quando na verdade, há tudo de errado. Eu caminho nas ruas e calçadas de São Paulo como um ser invisível, com minha dor invisível e o que é visível para os outros é como estou me deteriorando aos poucos. Ninguém preocupa-se em saber o motivo, ninguém vem me presentear com algumas palavras de paz, todo mundo apenas continua vivendo sua vida e trilhando seus caminhos, que não se cruzam. É um jogo de cada um por si que vai matando quem só quer ser todos por um e um por todos. Cada vez mais me sinto só dentro de mim mesmo. Cada vez mais só eu mesmo consigo entender o que se passa comigo e cada vez menos eu quero sair de casa. O meu coração é a minha casa e nele vou me aprisionar.

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