Morte aos palhaços.

Estarei andando nas ruas cheias de papéis, serpentinas e confetes. Todos estarão usando nariz de palhaço, aquela bola vermelha que reflete nada mais do que a nossa própria vergonha. Olharão para mim, sorridentes, e me pedirão ''por favor, aperte o verde''e eu direi ''não, hoje não''. Hoje não porque hoje tem que ser diferente, eu preciso que seja. Não só eu, mas todos nós. Precisamos parar de dar sinal verde para que esses malditos palhaços com dentes de tubarão e sem alma nenhuma tomem conta do nosso destino. Eles dirão que o futuro nunca foi tão certo e não estarão mentindo. Já que um futuro maldito e desgraçado é quase certo para nós. Não para eles. Eles estão deitados em almofadas recheadas de notas verdes, sentados em bancos dourados e se banhando com o sangue de inocentes. E continuam a sorrir, dão risadas histéricas, ensurdecedoras. Só que, hoje não. Hoje o sorriso é nosso, e nós somos os donos do sangue que tanto banha vocês e que sufocará suas vidas. Nós, seres com almas, temos o poder em nossas mãos. Temos o tambor do tempo que está tocando querendo o fim dessa encenação, desse circo. E não pense que irei me curvar diante de seus cabos, nem de suas plásticos ou escudos. Eu os ultrapassarei e os destruirei, como um mamute enfurecido pisa em cima de um formigueiro. Estarei correndo em sua direção e só vou parar de correr quando você não existir mais, quando seu sangue sumir no pó levado pelos ventos do esquecimento. Prepare-se, sentirá a fúria de quinhentos anos.

Um comentário:

  1. Nossa! Não sei bem o que dizer...é muito algo que sinto e não posso expressar. Sua sensibilidade com as palavras encanta!

    Estou com você quando diz "hoje não", vamos baixar as lonas desse circo de hipocrisia.

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