Que andar é reconhecer

Esqueço tudo que me levou a você, esqueço tudo que lhe trouxe até a mim, esqueço tudo que nos fez seguir juntos. Devagar, meio rastejando, vou apagando aos poucos suas lembranças dentro de mim, tornando-as tão sujas como nosso último dia juntos. Eu criei força, meus músculos se enchem de energia e me impulsionam numa estrada sem fim. O controle ainda é meu, me lembrei. A vida ainda é minha, o sorriso ainda é meu, o coração ainda bate por mim. Não é você que vai me tomar tudo isso. Alias, ninguém vai. Nem você, nem ele, nem vocês. Hoje eu me levanto cansado, recuperando todo o fôlego perdido e quando me ponho de pé, volto a andar e a correr e a voar. Às vezes a estrada está escura, sombria, cheia de vozes do além e fantasmas do passado. Porém, eu não me assusto mais. Continuo andando, piso forte, inclino a cabeça e sorrio, feliz, iluminando tudo ao meu redor e expulsando os males. Não sei exatamente o que encontrarei lá no final, se será um pote de ouro, se será mulheres nuas ou a morte. Eu realmente não me importo em saber ou não. É isso que me faz tão forte: Não saber. Sou forte porque não sei quando amo de novo, quando vou casar, quando vou comprar meu carro ou quando vou sofrer um acidente grave. Essa falta do saber, essa dúvida do que vem por aí, a vontade de descobrir, tudo isso e mais um pouco de paixão pela vida, é o que  me faz seguir. Nunca foi a vontade de esquecer você, pois nunca esquecerei. Será para sempre lembrada, como a mulher que me fez amar pela primeira vez e sempre estarei grato. Obrigado por me amar e por um dia ter deixado de sentí-lo.

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